DO RISO ÀS LÁGRIMAS – MARIA PEREGRINA ENCANTOU O PÚBLICO
Os convidados da Cia. de Teatro “Os
Marias”, no dia 31 de agosto, na EMAIC, zona norte, presenciaram uma montagem
contagiante da peça “Maria Peregrina”, de Luís Alberto de Abreu; oscilando
entre a paixão desmedida, o humor ingênuo e o drama da perda. E foi neste
compasso que o público acompanhou as ações -
ora com seu silêncio, ora com o riso franco, ora com suas lágrimas
cúmplices.
O elenco de “Os Marias”, vem de um processo
teatral iniciado no 2º semestre de 2011, sob orientação do Projeto Ademar
Guerra, que há quinze anos destaca-se como uma das mais renomadas ações para a
formação, qualificação e capacitação de jovens em teatro.
Em 2011, a Cia. “Os Marias” apresentou-se
em novembro, na Mostra de teatro em Garça e foram selecionados por Aldo
Valentin e Sérgio Ferrara, respectivamente, diretor e curador do Projeto, para
“circularem” pelo estado. O trabalho foi retomado em março deste ano e,
finalmente em agosto concluíram as três histórias que tecem a poética trajetória
de Maria Peregrina em busca de sua identidade: essa mulher desconhecida, vinda
de outros cantos do mundo para fazer das árvores sua moradia em São José dos
Campos. Após sua morte ocorrida em 1964, passou a ser considerada santa
popular, integrando o universo folclórico do Vale do Paraíba.
O elenco é representado por Alex Silva,
Almir Rogério, Milena Senhorine, Maria Cândida e Rafael Damaceno. Na operação
de som e luz, Ricardo Cenzi e Cristiny Vieira.
Preparação e direção artística – orientadores do Projeto Ademar Guerra.
Concepção de cenário e figurino – auxílio da professora Maria Helena Pavão. E
na direção geral – Maria Cândida Figueira. Contou também com o olhar cuidadoso
e competente do ator Marco Pavani, para ajustes na encenação deste espetáculo. Classificação
– 12 anos.
“Mas não se trata de peça biográfica, nem
religiosa”, afirma a diretora Maria Cândida - “A grande temática dessa peça passa pela busca
de um sentido de estar no mundo. Uma festa, um nome, uma cruz na beira de um
rio: são evocativos da memória dessa mulher que resiste na peregrinação em
busca de si mesma, entrelaçando as três histórias.”
E, continua: “Assim como Maria Peregrina,
também o ser humano inquieta-se com sua identidade, lembranças, pessoas,
lugares. Se Riobaldo de Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas concluiu que
‘viver é muito perigoso’, Abreu, também usa essa emblemática questão em seu texto,
conferindo-lhe uma esfera universal - quer no pensamento do mais simples ao mais
erudito dos cidadãos.”
Esta pré-estreia, foi um feedback para todo
elenco, para que o grupo analise possibilidades assertivas na montagem para
apresentação no dia 10 de setembro, no Teatro Don Pedro, no 27º Festivale –
Festa Nacional do Vale Paraíba – em São José dos Campos – cidade onde está
sepultada Maria Peregrina. “Os Marias”, abrem o Festivale – na categoria ‘convidados
do Projeto Ademar Guerra’. Como se vê, a responsabilidade da Cia. é enorme, mas
como a diz a diretora, “a paixão por esta peça também o é.” Daí o empenho, o
compromisso e o prazer em mostrar essa história linda, da melhor maneira que
puderem.
“Os Marias” agradecem a todos os presentes
e a todos que colaboraram, com um cumprimento especial à Sara Zero, por ceder o
espaço da EMAIC para os ensaios e para esta apresentação.
MARIA PEREGRINA
SINOPSE:
Esse texto transita entre a comédia e o drama. Apresenta três histórias: uma de
paixão, outra cômica e a terceira que recria um texto do teatro Nô, que ilustra
o universo da santa popular Maria Peregrina. Conhecida como “Nega do Saco” ou
“Maria do Saco”, ela viveu mais de 20 anos nas ruas de Santana, um dos bairros
mais antigos de São José dos Campos. Após sua morte, em 1964, passou a ser
considerada santa popular, integrando o universo folclórico do Vale do Paraíba.
No início da peça, Maria Peregrina surge sem memória e é auxiliada por um
romeiro a relembrar fatos de sua vida.