sábado, 14 de janeiro de 2012

Um mar de foguinhos.






UM MAR DE FOGUINHOS 



Um homem do povo de Neguá, na costa da Colômbia, pôde subir ao Alto Céu.
De volta, contou. Disse que contemplou, desde lá de cima, a vida humana.
E disse que somos um mar de pequenos fogos.
- O mundo é isso - revelou - Um montão de gente, um mar de foguinhos.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as demais. Não há dois fogos
iguais. Há fogos grandes e fogos pequenos, de todas as cores. Há gente de 
fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche 
o ar de chispas. Alguns fogos, fogos menores, não alumiam nem queimam;
mas outros ardem a vida com tanta intensidade que não se podem vê-los sem 
piscar, e quem se aproxima se acende.

                                              In "O Livro dos Abraços" de Eduardo Galeano*