domingo, 13 de maio de 2012








AÇÃO CULTURAL

Assim proposto pelo Projeto Ademar Guerra, na tarde chuvosa de sábado (12/05), a Cia. de Teatro Os Marias .. teve um encontro orientado pelo ator e escritor Tin Urbinatti.
O elenco teve oportunidades de vivenciar na prática as problemáticas e soluções de encenações que decorrem de um texto maravilhoso de Luis Alberto de Abreu, Maria Peregrina. A peça que passa por reformulações, pôde ser discutida, verificada ... enfim .. um trabalho produtivo!
Seu foco de trabalho para o grupo, é o corpo do ator, e a construção da personagem, que facilmente foi absorvido pelo grupo através de exercícios práticos de corpo, vóz ... e busca da personagem.
O grupo agradece imensamente a oportunidade, e estima um novo encontro.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Teatro NOH

TEATRO NOH


O Nô é a arte teatral clássica do Japão, um drama lírico que combina a música, a dança e a poesia. O Nô adquiriu a sua forma definitiva no fim do século XIV, graças ao trabalho de Kanami e seu filho Zeami, este último um estudioso da estética inspirada no Zen. Pai e filho inovaram o Sarugaku, uma antiga e popular forma de entretenimento, introduzindo refinamentos estéticos e tornando esta arte teatral a mais rica em simbolismos do mundo.
O repertório do Nô é formado de aproximadamente 240 peças, entre as quais um terço foi escrito por Kanami e Zeami. O Nô cresceu como arte popular durante o período das guerras interfeudais (séculos XV e XVI). Durante a
Era Edo, o Nô foi considerado pelo xogunato Tokugawa a cerimônia artística oficial do Estado. Assim, o Nô recebeu proteção e incentivos do governo tendo inclusive vários daimyo que o estudavam e eram conhecidos atores.
A forma teatral alterna diálogos em prosa com declamações poéticas cantadas por um coro. Todos os papéis são representados por homens, mesmo os femininos.
O personagem principal de uma peça é denominado shite, e o seu companheiro, tsure. O ator secundário é chamado de waki, que às vezes também tem um companheiro chamado de waki-zure. O shite é sempre um
fantasma, um espírito ou uma criatura fantástica; um ser sobrenatural. O waki é um personagem que vive no presente e tem por função trazer o shite e seu companheiro ao mundo da realidade.
O shite geralmente usa máscaras nas suas interpretações. Já o seu companheiro, o tsure, utiliza-a apenas quando o seu papel é de mulher. O waki e o seu companheiro nunca usam esses objetos. A máscara utilizada pelo shite tem a função de dar uma maior profundidade emocional ao seu personagem, impossível de ser realizada pelo rosto humano, ao mesmo tempo em que o destaca dos outros atores.
O traje do shite é também o mais rico e lustroso, sempre mais bonito do que o dos outros personagens. Essa característica nunca é prejudicada a favor do realismo: mesmo que o personagem principal seja um simples camponês, o vestuário elegante não é alterado.
Um curioso ponto é que o Nô em muitos aspectos despreza o realismo, utilizando-se de uma extrema sutileza nos simbolismos. Por exemplo, em algumas peças em que o tsure aparece antes do shite, então se usa uma criança para interpretar o papel de companheiro do shite, de modo que a sua presença não prejudique a atenção dirigida ao ator principal. Isto acontece até mesmo quando a criança representa o papel de um guerreiro, amante da personagem feminina do shite. O ator infantil é conhecido por kokata e nunca faz uso de máscaras.
Existe uma grande variedade de máscaras de Nô, que podem ser divididas em máscaras masculinas, femininas e demoníacas. Entre as máscaras de demônio estão algumas que reproduzem rostos humanos, porém com uma expressão bastante exagerada de alguma emoção.
O palco projeta-se para dentro da platéia, para que se dê uma idéia de arte tridimensional que pode ser vista de vários ângulos. O palco é coberto por um telhado de estilo clássico, com a finalidade de recriar o ambiente original que, no Japão feudal, era ao ar livre. O cenário é muito simples e austero; a tela de fundo tem sempre a imagem de um pinheiro estilizado, nunca mudando de uma peça a outra, mesmo que a história se passe dentro de um palácio.
Nos fundos do palco encontram-se os músicos. Os instrumentos tocados são uma flauta de bambu e três tambores, de diferentes timbres e tamanhos. Todos eles são indispensáveis na relação entre a canção, a música e a dança, seja na harmonia da flauta, seja na marcação do ritmo dos tambores.
À direita do palco está o coro, formado geralmente de oito pessoas dispostas em duas fileiras, uma atrás da outra. O papel dos músicos é criar uma atmosfera ideal à representação e à dança, sem nunca sobrepujar a interpretação dos atores.
Os trajes do Nô são extremamente formais e de tecido abundante, de modo que os contornos naturais do corpo do ator praticamente desaparecem. Dessa forma, as características da roupagem, somadas ao emprego das máscaras, tem por função apagar a individualidade do intérprete, e aí está a essência e o princípio estético dessa forma de arte. O sutil impacto do Nô está justamente no talento artístico que surge das restrições severamente formais que o caracterizam.


Kyogen
O Kyogen é um gênero teatral inseparável do Nô; tem um caráter cômico e é apresentado entre os intervalos das peças de um programa de Nô. O objetivo do Kyogen é descontrair a tensão, provocar o riso e oferecer um contraste ao drama.
Ao contrário do Nô, o Kyogen dá ênfase ao diálogo falado e coloquial, e geralmente não há acompanhamento musical. Também não existe personagem principal. Ao invés disso, dois atores, ou grupos de atores, são lançados uns contra os outros.
Um programa tradicional de Nô é composto de cinco peças, intercaladas por três ou quatro peças de Kyogen. Atualmente, contudo, é costume fazer programas de apenas duas peças de Nô intercaladas por uma Kyogen, ou até mesmo programas compostos exclusivamente de peças de Kyogen.
Todo programa de Nô apresenta o princípio do Jô-Há-Kyu, independentemente do número de peças. Jô é a introdução, Há, o trecho central, e Kyu, a conclusão.
A arte do Nô e do Kyogen foi passada durante séculos de pai para filho. Existem, hoje em dia, cerca de 1500 profissionais que trabalham com essa forma teatral. Nesse número incluem-se os atores, os professores e os músicos especializados em acompanhar as representações. O Nô firmou-se como forma de arte cristalizada assim como o
Kabuki. Embora não tão popular como este último, em sua história de 600 anos o Nô ainda se mantém vivo no Japão e, nesse aspecto, é único no teatro mundial.
Fonte: O Samurai
, , Nou ou Noh (能) ou ainda Nogaku(能 楽) é uma forma clássica de teatro profissional japonês, que combina canto, pantomima, música e poesia. Executado desde o século XIV é uma das formas mais importantes do drama musical clássico japonês.
Evoluiu de outras formas teatrais, aristocráticas e populares, incluindo o Dengaku, Shirabyoshi e Gagaku. O termo Noh deriva da palavra japonesa talento ou habilidade. Muitas de suas personagens usam máscaras, mas não todas. Suas raízes podem ser encontradas no Nuo (傩戏) - uma forma de teatro da China. Deu origem a outras formas dramáticas, como o Kabuki. Um de seus mais importantes dramaturgos é Zeami Motokiyo (1363-1443). Zeami também deixou tratados sobre a arte de interpretar.


O Noh hoje
Se uma apresentação de Noh costumava durar todo o dia e consistia de cinco peças intercaladas com pequenos textos cômicos de kyōgen, nos dias de hoje consistem de apenas duas peças de Noh intercaladas com uma de Kyōgen.




Descrição do Noh

O foco da narrativa se encontra no protagonista (shite), o único que porta uma máscara. Shite é um espírito errante que exprime, de forma lírica, a nostalgia dos tempos passados. O coadjuvante (waki), geralmente um monge, não interfere no curso da ação, apenas é revelador da essência do shite. Um coro e quatro instrumentos auxiliam na condução da trama, que se soluciona através da dança. Esse coro, vale destacar, possui uma função dramática decisiva, conduzindo a narrativa.
O Noh é a fusão de poesia, teatro, bailado, música vocal e instrumental e máscaras. Os diversos elementos musicais são estreitamente entrelaçados numa simbiose entre o canto e a pantomima. No Noh, a descrição de cada cena repousa unicamente no texto do canto, nos gestos e nos movimentos do ator. A combinação desses elementos obedece a regras corporais e musicais, a teorias sofisticadas, resultando numa estética extremamente refinada, o que gera dificuldade geral em compreendê-lo e apreciá-lo. Isto ocorre sobretudo no que se refere ao libreto, escrito em linguagem arcaica e complexa, na codificação de gestos e movimentos, e na linguagem musical característica, totalmente estranha aos ouvidos comuns.
Os movimentos sintéticos do ator, são quase imperceptíveis como, por exemplo, de uma maneira estilizada e sutil, levanta os olhos para a lua, ou num gesto com a mão retira a neve do kimono. Esses movimentos fazem surgir aos olhos e espírito do espectador, um universo todo poético, um mundo visto de diversos ângulos envolvendo fenômenos da natureza e da vida.
O Noh é caracterizado pelo seu estilo lento, de postura ereta, rígida, de movimentos sutis, bem como pelo uso de máscaras típicas. o codificador maior dessa arte. Com um repertório de aproximadamente 250 peças, o universo Noh é habitado por deuses, guerreiros e mulheres enlouquecidas, às voltas com os mistérios do espírito.
Por tradição os atores de Noh não ensaiam juntos, cada ator pratica seus movimentos, canções sozinho ou com a orientação de um membro mais antigo. Entretanto, o ritmo de cada apresentação é determinado pela interação de todos os atores, músicos e pelo coro. Desta forma o Noh exemplifica um dos princípios estéticos de tempo e duração, chamado por Sen no Rikyu "ichi-go ichi-e".
Uma das peças mais famosas do repertório nô, é "Hagoromo - O Manto de Plumas", que tem uma "transcriação" para o português, feita pelo escritor Haroldo de Campos.



Peças

As aproximadamente 250 peças do repertório de Noh podem ser classificadas de diferentes formas, pelo conteúdo, pelo clima, pelo estilo.
As peças Noh decorrem num palco bastante despojado, feito de hinoki liso (cipreste japonês). O cenário é, invariavelmente, constituído apenas pelo "kagami-ita," um pinheiro pintado, no fundo do palco, mesmo que a peça se desenrole noutros locais. Há várias explicações para o uso desta árvore, sendo muito comum a interpretação que se refere aos rituais xintoístas, pelos quais os deuses descem à Terra por este meio. Outro adereço inconfundível é a ponte estreita (a "Hashigakari"), situada à esquerda, que os principais actores utilizam para entrada e saída das personagens.



Clima

  • Mugen nō (夢幻能) apresenta espíritos, fantasmas e o mundo supernatural. O Tempo é frequentemente desenvolvido de forma não linear e a ação pode mudar entre dois ou mais cenários.
  • Genzai nō (現在能), eventos cotidianos.


Estilo
Geki nō - peças dramáticas desenvolvidas no avanço da narrativa e da ação.
Furyū nō - peças dançadas que focam na qualidade estética das danças e canções representadas.
Okina ou Kamiuta - é uma peça única que combina dança com o ritual xintoísta. É considerada a mais antiga peça e a mais representada, usualmente na abertura de qualquer programa ou festival


 
Teatro Noh no Brasil
Não se pode falar em Teatro Noh no Brasil sem mencionar o nome Hakuyokai (Haku=Brasil; Yo=canto de Noh; Kai=associação), o grupo pioneiro de praticantes de Noh, da cidade de São Paulo que tanto contribuiu para a divulgação desta arte no país.
Tudo começou quando Nobuyuki Suzuki, pesquisador e professor universitário, veio ao Brasil a serviço do Ministério da Educação e do Ministério das Relações Exteriores do Japão, em agosto de 1939. O objetivo da viagem era ministrar uma série de palestras em São Paulo e nas colônias japonesas, a respeito da cultura nipônica.
Durante sua estada, convocou, através da imprensa, todos que quisessem participar de um encontro de Noh. A partir de então, até o início da Segunda Guerra Mundial, houve algumas apresentações, sendo que, nesses encontros, participavam tanto a Escola Kanze quanto a Hosho.
Em seu retorno ao Japão, após o término da Guerra, alguns praticantes sucederam-no, inclusive seu filho Takeshi, na organização dos encontros. Takeshi Suzuki, da Escola Hosho, empenhou-se no estudo e na prática desta arte, fazendo apresentações regulares e, em 1984, comemorou a 100ª apresentação do grupo Hakuyokai.
Com a morte de Takeshi Suzuki e de Noboru Yoshida (Escola Kanze), os grupos se dispersaram e, as atividades da grande maioria deles ficaram restritas aos treinos de canto de Noh e, nos últimos anos, não se registram apresentações conjuntas.
Hoje, acredita-se que quatro grupos continuam cantando, bailando e tocando instrumentos na tentativa de preservar essa arte tradicional milenar no seio da comunidade nipo-brasileira.

http://sadame.wordpress.com/2008/07/01/teatro-no/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Noh

JO-HA-KYU



 JO-HA-KYU

 

Para fundamentação da produção de Maria Peregrina "Luís Alberto de Abreu", o grupo Os Marias, teve acesso a alguns conceitos do Teatro NÔ.











Um trem em movimento, o cair de chuva, o dia, a semente, o sexo, um gesto, a vida.
Em comum, o início, desenvolvimento, aceleração e resolução.
Uma progressão orgãnica existente em todos os ciclos da natureza.
Citando, sem ordem, Anne Bogart:

JO- A fase inicial, quando a força é colocada em movimento como se vencesse uma resistência.
HA- A fase de transição, ruptura da resitência, aumento do movimento
KYU- A fase rápida, um crescendo sem rédeas, parando de modo súbito

JO-Introdução
HA-Exposição
KYU-Resolução

JO-Resistência
HA-Ruptura
KYU-Aceleração

JO-Começar suavemente
HA-Desenvolver dramaticamente
KYU-Terminar rapidamente

Toda peça tem jo ha kyu. Toda cena tem jo ha kyu. Toda interação tem jo ha kyu. Toda ação tem jo ha kyu. Toda gesto tem jo ha kyu.
O conceito de Jo Ha Kyu aparece em Zeami, mestre do Noh.
Exercício muito simples que descreve em seu livro "O Ator Invisível". 

"Numa roda, fechem os olhos, e comecem a bater palmas ao mesmo tempo, juntos, tentando chegar a um ritmo comum. E veja o que acontece..."

Importante, não querer conduzir, não ser cabeção, e ter rigor em tentar bater palmas ao mesmo tempo. Deixe as palmas ACONTECEREM... Fizemos recente no ensaio e foi incrível. Mas já fiz com bailarinos que queriam "controlar" o tempo. Não rola.
Depois desse exercício, fica fácil trabalhar a gradação da ação, com uns exercícios do Lecoq.