domingo, 16 de dezembro de 2012

Fechando com chave de ouro

É com imenso prazer e satisfação  que a Cia. de Teatro Os Marias, encerrou suas atividades neste ano de 2012.
Com muito esforço e apoios necessários, puderam ver e permitir ser visto um trabalho afinado e bem cuidado no palco, que pode trazer para o público as emoções que passamos inevitavelmente.
À todos aqueles que direta ou indiretamente contribuiram para que este projeto fosse realizado, um maravilhoso fim de ano, feliz NATAL, um novo Ano de PAZ, ALEGRIAS, VITÓRIAS, PROSPERIDADE, HARMONIA. 
E que em 2013 possamos reaforçar esses laços tão importantes para um trabalho de cultura!

Att. OS MARIAS!



 


quarta-feira, 17 de outubro de 2012


Projeto Ademar Guerra realiza Mostra
de Compartilhamento Teatral em 45 cidades


O Projeto Ademar Guerra, programa da Secretaria de Estado da Cultura, realizou em outubro e novembro, a Mostra de Compartilhamento Teatral. O evento teve apresentações de espetáculos, cenas e palestras pelos grupos teatrais orientados pelo Projeto. A Mostra acontecerá simultaneamente em 45 cidades do Estado de São Paulo nos dias 18, 19, 20, 21, 26, 27 e 28 de outubro, e dias 2 e 3 de novembro.

O projeto Ademar Guerra foi criado em 1997 pela Secretaria de Estado de Cultura com o objetivo de propiciar orientação artística a grupos teatrais em atividade no interior e litoral do Estado de São Paulo. Os artistas-orientadores atuam junto aos grupos selecionados, acompanhando seus projetos de pesquisa e montagem de espetáculos. Atualmente o Projeto orienta 82 grupos, em 80 cidades atendendo aproximadamente 1.200 jovens artistas.

Desde março de 2012 os grupos selecionados pelo projeto participam de atividades de formação e qualificação em teatro por meio de orientações, palestras, oficinas, apoios para intercâmbios e apresentações em outros festivais. Entre outras ações voltadas para o aprimoramento dos artistas dos grupos, a Mostra de Compartilhamento Teatral é o momento em que os grupos têm a oportunidade de se apresentar para o público de sua cidade. É, também, uma forma de autoavaliação e aprimoramento.

Para Aldo Valentim, coordenador do Projeto Ademar Guerra: “O interior é rico em possibilidades. Nossa ação é estratégica e tem como objetivo formar jovens talentos, sobretudo nas pequenas e medias cidades, onde, certamente, temos talentos que precisam de impulso para o seu crescimento artístico, que se dará, sobretudo no contato com o público e na troca de experiência entre os jovens artistas”. 

O Projeto Ademar Guerra tem a Curadoria Artística do diretor teatral Sérgio Ferrara, que trabalhou com grandes atores como Paulo Autran, Raul Cortez, Eliane Giardini e Rosi Campos, além de grandes dramaturgos como Maria Adelaide Amaral, Mário Bortolotto. Com Plínio Marcos, trabalhou no Teatro de Arena. Por sua direção do espetáculo Pobre Super-Homem, de Brad Fraser, ganhou o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de melhor diretor.

A Coordenação Geral é de Aldo Valentim, consultor e pesquisador em gestão e políticas públicas. É Coordenador geral dos Projetos Especiais e do Projeto Ademar Guerra das Oficinas Culturais do Estado. Atualmente também ministra aulas de Políticas Públicas na Pós-Graduação em Gestão Cultural do Centro Universitário SENAC. Tem 15 anos de experiência na área de gestão cultural. Coordenou o Projeto Ademar Guerra de 2003 a 2006.

Cidades Participantes: Adamantina, Araçatuba, Assis, Atibaia, Batatais, Bertioga, Bilac, Botucatu, Campinas, Caraguatatuba, Catanduva, Cubatão, Diadema, Gália, Garça, Guararema, Guaratinguetá, Guarulhos, Ilha Solteira, Indaiatuba, Itapevi, Jaguariúna, Jaú, Juquiá, Macatuba, Marília, Mirante do Paranapanema, Mococa, Mogi Mirim, Osvaldo Cruz, Pindamonhangaba, Pirassununga, Presidente Prudente, Rancharia, Limeira, São Carlos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Sorocaba, Taquaritinga, Teodoro Sampaio, Tupã, Valinhos, Valparaíso, Votuporanga.

Programação:

20/10 - Pirassununga
Às 20h - Grupo Os Maria
Apresentação: "Maria Peregrina"
Local: Teatro Municipal Cacilda Becker - Rua Siqueira Campos 1.290













 




terça-feira, 4 de setembro de 2012

Do Riso às Lágrimas


DO RISO ÀS LÁGRIMAS – MARIA PEREGRINA ENCANTOU O PÚBLICO


Os convidados da Cia. de Teatro “Os Marias”, no dia 31 de agosto, na EMAIC, zona norte, presenciaram uma montagem contagiante da peça “Maria Peregrina”, de Luís Alberto de Abreu; oscilando entre a paixão desmedida, o humor ingênuo e o drama da perda. E foi neste compasso que o público acompanhou as ações -  ora com seu silêncio, ora com o riso franco, ora com suas lágrimas cúmplices.
O elenco de “Os Marias”, vem de um processo teatral iniciado no 2º semestre de 2011, sob orientação do Projeto Ademar Guerra, que há quinze anos destaca-se como uma das mais renomadas ações para a formação, qualificação e capacitação de jovens em teatro.
Em 2011, a Cia. “Os Marias” apresentou-se em novembro, na Mostra de teatro em Garça e foram selecionados por Aldo Valentin e Sérgio Ferrara, respectivamente, diretor e curador do Projeto, para “circularem” pelo estado. O trabalho foi retomado em março deste ano e, finalmente em agosto concluíram as três histórias que tecem a poética trajetória de Maria Peregrina em busca de sua identidade: essa mulher desconhecida, vinda de outros cantos do mundo para fazer das árvores sua moradia em São José dos Campos. Após sua morte ocorrida em 1964, passou a ser considerada santa popular, integrando o universo folclórico do Vale do Paraíba.
O elenco é representado por Alex Silva, Almir Rogério, Milena Senhorine, Maria Cândida e Rafael Damaceno. Na operação de som e luz, Ricardo Cenzi e Cristiny Vieira.  Preparação e direção artística – orientadores do Projeto Ademar Guerra. Concepção de cenário e figurino – auxílio da professora Maria Helena Pavão. E na direção geral – Maria Cândida Figueira. Contou também com o olhar cuidadoso e competente do ator Marco Pavani, para ajustes na encenação deste espetáculo. Classificação – 12 anos.
“Mas não se trata de peça biográfica, nem religiosa”, afirma a diretora Maria Cândida -  “A grande temática dessa peça passa pela busca de um sentido de estar no mundo. Uma festa, um nome, uma cruz na beira de um rio: são evocativos da memória dessa mulher que resiste na peregrinação em busca de si mesma, entrelaçando as três histórias.”
E, continua: “Assim como Maria Peregrina, também o ser humano inquieta-se com sua identidade, lembranças, pessoas, lugares. Se Riobaldo de Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas concluiu que ‘viver é muito perigoso’, Abreu, também usa essa  emblemática questão em seu texto, conferindo-lhe uma esfera universal -   quer no pensamento do mais simples ao mais erudito dos cidadãos.”
Esta pré-estreia, foi um feedback para todo elenco, para que o grupo analise possibilidades assertivas na montagem para apresentação no dia 10 de setembro, no Teatro Don Pedro, no 27º Festivale – Festa Nacional do Vale Paraíba – em São José dos Campos – cidade onde está sepultada Maria Peregrina. “Os Marias”, abrem o Festivale – na categoria ‘convidados do Projeto Ademar Guerra’. Como se vê, a responsabilidade da Cia. é enorme, mas como a diz a diretora, “a paixão por esta peça também o é.” Daí o empenho, o compromisso e o prazer em mostrar essa história linda, da melhor maneira que puderem.
“Os Marias” agradecem a todos os presentes e a todos que colaboraram, com um cumprimento especial à Sara Zero, por ceder o espaço da EMAIC para os ensaios e para esta apresentação.
Que os deuses do teatro os iluminem. Evoé!

























MARIA PEREGRINA


SINOPSE: Esse texto transita entre a comédia e o drama. Apresenta três histórias: uma de paixão, outra cômica e a terceira que recria um texto do teatro Nô, que ilustra o universo da santa popular Maria Peregrina. Conhecida como “Nega do Saco” ou “Maria do Saco”, ela viveu mais de 20 anos nas ruas de Santana, um dos bairros mais antigos de São José dos Campos. Após sua morte, em 1964, passou a ser considerada santa popular, integrando o universo folclórico do Vale do Paraíba. No início da peça, Maria Peregrina surge sem memória e é auxiliada por um romeiro a relembrar fatos de sua vida.

27º Festivale em São José dos Campos


Projeto Ademar Guerra participará do 27º Festivale em São José dos Campos


O Projeto Ademar Guerra, programa da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, estará presente na 27ª edição do Festivale – Festival Nacional do Vale do Paraíba com 11 espetáculos orientados pelo Projeto na edição 2011 e 16 oficinas com artistas-orientadores. O evento acontece em São José dos Campos de 9 a 16 de setembro.
O Festivale – Festival Nacional do Vale do Paraíba, realizado anualmente em São José dos Campos, é um dos mais importantes festivais de teatro do Brasil. O evento promove mais de 100 atividades em diferentes espaços da cidade. Com isso, estimula o intercâmbio artístico entre atores e diretores de todo o Brasil. Durante os dez dias de programação diversificada ocorrerão oficinas, palestras, leituras dramáticas e workshops. 
O projeto Ademar Guerra foi criado em 1997 pela Secretaria de Estado de Cultura com o objetivo de propiciar orientação artística a grupos teatrais em atividade no interior e litoral do Estado de São Paulo. Assim, os artistas-orientadores atuam junto aos grupos selecionados, acompanhando seus projetos de pesquisa e montagem de espetáculos.
Programação
10/09 – Maria Peregrina – Grupo Os Marias, de Pirassununga
11/09 – Lugar Incomum – Grupo Corpo Santo, de Campinas
12/09 – Aquela que sonhava ter sido – Grupo Os Hedonistas, de Birigui
13/09 – Apolo, Sir Gaia, chuvisco e agora madame Popo – Grupo Arte das Águas, de Ibirá
14/09 – Quando as Maquinas Param – Grupo Os Bárbaros, de Presidente Prudente
15/09 – Os Olhos de Madame – Grupo Mythus, de Macatuba
15/09 – Nós de nos Mesmos – Grupo Os Mancomunados, de Araçatuba
16/09 – Auto da Barca – Grupo Athos, de Batatais
16/09 – A Hora da Estrela – Grupo Báquicos, de Adamantina

Mostra Nelson Rodrigues

15/09 – A Serpente – Mênades & Sátiros Cia. Teatral, de Presidente Prudente
16/09 – Até que a Morte nos Separe – Mênades & Sátiros cia. Teatral, de Presidente Prudente 
Propostas de Ações Culturais  
07/09 – O jogo improvisacional e o processo de fabricação da cena
Com Vicente Latorre
08/09 – O Figurino Teatral
Com Adbailson Cuba
Jogo na Cena
Com Flávia Bertinelli
09/09 – domingo
Workshop de Commedia ell' arte – Jogo e Comédia
Com Flávia Bertinelli
Dramaturgia da encenação.
Com André de Araújo
10/09 – Oficina de criação literária com foco em dramaturgia.
Com Alexandre Dal Farra
11/09 – Introdução à análise do texto teatral
Com Cássio Pires
12/09 – O Butoh como linguagem e expressão
Com Ana Chiesa
13/09 – Os Sentidos do Teatro
Com Ana Chiesa
14/09 – No Princípio era o verbo
Com Imara Reis
15/09 – A percepção do espaço no palco "Italiano" ou A cena italiana e a teoria da percepção (auditiva e visual)
Com Imara Reis
Criação Coletiva de Um Projeto Cultural em Artes Cênicas.
Com Fabiano Lodi
16/09 – Princípios de Treinamento para o Ator-Criador
Com Leonardo Antunes
A platéia em jogo: O que ninguém vê aqui?
Com Thiago Antunes

Oficinas – SESI
09/09 - domingo
O Figurino Teatral
Com Adbailson Cuba
16/09 – A percepção do espaço no palco "Italiano" ou A cena italiana e a teoria da percepção (auditiva e visual)
Com Imara Reis

domingo, 13 de maio de 2012








AÇÃO CULTURAL

Assim proposto pelo Projeto Ademar Guerra, na tarde chuvosa de sábado (12/05), a Cia. de Teatro Os Marias .. teve um encontro orientado pelo ator e escritor Tin Urbinatti.
O elenco teve oportunidades de vivenciar na prática as problemáticas e soluções de encenações que decorrem de um texto maravilhoso de Luis Alberto de Abreu, Maria Peregrina. A peça que passa por reformulações, pôde ser discutida, verificada ... enfim .. um trabalho produtivo!
Seu foco de trabalho para o grupo, é o corpo do ator, e a construção da personagem, que facilmente foi absorvido pelo grupo através de exercícios práticos de corpo, vóz ... e busca da personagem.
O grupo agradece imensamente a oportunidade, e estima um novo encontro.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Teatro NOH

TEATRO NOH


O Nô é a arte teatral clássica do Japão, um drama lírico que combina a música, a dança e a poesia. O Nô adquiriu a sua forma definitiva no fim do século XIV, graças ao trabalho de Kanami e seu filho Zeami, este último um estudioso da estética inspirada no Zen. Pai e filho inovaram o Sarugaku, uma antiga e popular forma de entretenimento, introduzindo refinamentos estéticos e tornando esta arte teatral a mais rica em simbolismos do mundo.
O repertório do Nô é formado de aproximadamente 240 peças, entre as quais um terço foi escrito por Kanami e Zeami. O Nô cresceu como arte popular durante o período das guerras interfeudais (séculos XV e XVI). Durante a
Era Edo, o Nô foi considerado pelo xogunato Tokugawa a cerimônia artística oficial do Estado. Assim, o Nô recebeu proteção e incentivos do governo tendo inclusive vários daimyo que o estudavam e eram conhecidos atores.
A forma teatral alterna diálogos em prosa com declamações poéticas cantadas por um coro. Todos os papéis são representados por homens, mesmo os femininos.
O personagem principal de uma peça é denominado shite, e o seu companheiro, tsure. O ator secundário é chamado de waki, que às vezes também tem um companheiro chamado de waki-zure. O shite é sempre um
fantasma, um espírito ou uma criatura fantástica; um ser sobrenatural. O waki é um personagem que vive no presente e tem por função trazer o shite e seu companheiro ao mundo da realidade.
O shite geralmente usa máscaras nas suas interpretações. Já o seu companheiro, o tsure, utiliza-a apenas quando o seu papel é de mulher. O waki e o seu companheiro nunca usam esses objetos. A máscara utilizada pelo shite tem a função de dar uma maior profundidade emocional ao seu personagem, impossível de ser realizada pelo rosto humano, ao mesmo tempo em que o destaca dos outros atores.
O traje do shite é também o mais rico e lustroso, sempre mais bonito do que o dos outros personagens. Essa característica nunca é prejudicada a favor do realismo: mesmo que o personagem principal seja um simples camponês, o vestuário elegante não é alterado.
Um curioso ponto é que o Nô em muitos aspectos despreza o realismo, utilizando-se de uma extrema sutileza nos simbolismos. Por exemplo, em algumas peças em que o tsure aparece antes do shite, então se usa uma criança para interpretar o papel de companheiro do shite, de modo que a sua presença não prejudique a atenção dirigida ao ator principal. Isto acontece até mesmo quando a criança representa o papel de um guerreiro, amante da personagem feminina do shite. O ator infantil é conhecido por kokata e nunca faz uso de máscaras.
Existe uma grande variedade de máscaras de Nô, que podem ser divididas em máscaras masculinas, femininas e demoníacas. Entre as máscaras de demônio estão algumas que reproduzem rostos humanos, porém com uma expressão bastante exagerada de alguma emoção.
O palco projeta-se para dentro da platéia, para que se dê uma idéia de arte tridimensional que pode ser vista de vários ângulos. O palco é coberto por um telhado de estilo clássico, com a finalidade de recriar o ambiente original que, no Japão feudal, era ao ar livre. O cenário é muito simples e austero; a tela de fundo tem sempre a imagem de um pinheiro estilizado, nunca mudando de uma peça a outra, mesmo que a história se passe dentro de um palácio.
Nos fundos do palco encontram-se os músicos. Os instrumentos tocados são uma flauta de bambu e três tambores, de diferentes timbres e tamanhos. Todos eles são indispensáveis na relação entre a canção, a música e a dança, seja na harmonia da flauta, seja na marcação do ritmo dos tambores.
À direita do palco está o coro, formado geralmente de oito pessoas dispostas em duas fileiras, uma atrás da outra. O papel dos músicos é criar uma atmosfera ideal à representação e à dança, sem nunca sobrepujar a interpretação dos atores.
Os trajes do Nô são extremamente formais e de tecido abundante, de modo que os contornos naturais do corpo do ator praticamente desaparecem. Dessa forma, as características da roupagem, somadas ao emprego das máscaras, tem por função apagar a individualidade do intérprete, e aí está a essência e o princípio estético dessa forma de arte. O sutil impacto do Nô está justamente no talento artístico que surge das restrições severamente formais que o caracterizam.


Kyogen
O Kyogen é um gênero teatral inseparável do Nô; tem um caráter cômico e é apresentado entre os intervalos das peças de um programa de Nô. O objetivo do Kyogen é descontrair a tensão, provocar o riso e oferecer um contraste ao drama.
Ao contrário do Nô, o Kyogen dá ênfase ao diálogo falado e coloquial, e geralmente não há acompanhamento musical. Também não existe personagem principal. Ao invés disso, dois atores, ou grupos de atores, são lançados uns contra os outros.
Um programa tradicional de Nô é composto de cinco peças, intercaladas por três ou quatro peças de Kyogen. Atualmente, contudo, é costume fazer programas de apenas duas peças de Nô intercaladas por uma Kyogen, ou até mesmo programas compostos exclusivamente de peças de Kyogen.
Todo programa de Nô apresenta o princípio do Jô-Há-Kyu, independentemente do número de peças. Jô é a introdução, Há, o trecho central, e Kyu, a conclusão.
A arte do Nô e do Kyogen foi passada durante séculos de pai para filho. Existem, hoje em dia, cerca de 1500 profissionais que trabalham com essa forma teatral. Nesse número incluem-se os atores, os professores e os músicos especializados em acompanhar as representações. O Nô firmou-se como forma de arte cristalizada assim como o
Kabuki. Embora não tão popular como este último, em sua história de 600 anos o Nô ainda se mantém vivo no Japão e, nesse aspecto, é único no teatro mundial.
Fonte: O Samurai
, , Nou ou Noh (能) ou ainda Nogaku(能 楽) é uma forma clássica de teatro profissional japonês, que combina canto, pantomima, música e poesia. Executado desde o século XIV é uma das formas mais importantes do drama musical clássico japonês.
Evoluiu de outras formas teatrais, aristocráticas e populares, incluindo o Dengaku, Shirabyoshi e Gagaku. O termo Noh deriva da palavra japonesa talento ou habilidade. Muitas de suas personagens usam máscaras, mas não todas. Suas raízes podem ser encontradas no Nuo (傩戏) - uma forma de teatro da China. Deu origem a outras formas dramáticas, como o Kabuki. Um de seus mais importantes dramaturgos é Zeami Motokiyo (1363-1443). Zeami também deixou tratados sobre a arte de interpretar.


O Noh hoje
Se uma apresentação de Noh costumava durar todo o dia e consistia de cinco peças intercaladas com pequenos textos cômicos de kyōgen, nos dias de hoje consistem de apenas duas peças de Noh intercaladas com uma de Kyōgen.




Descrição do Noh

O foco da narrativa se encontra no protagonista (shite), o único que porta uma máscara. Shite é um espírito errante que exprime, de forma lírica, a nostalgia dos tempos passados. O coadjuvante (waki), geralmente um monge, não interfere no curso da ação, apenas é revelador da essência do shite. Um coro e quatro instrumentos auxiliam na condução da trama, que se soluciona através da dança. Esse coro, vale destacar, possui uma função dramática decisiva, conduzindo a narrativa.
O Noh é a fusão de poesia, teatro, bailado, música vocal e instrumental e máscaras. Os diversos elementos musicais são estreitamente entrelaçados numa simbiose entre o canto e a pantomima. No Noh, a descrição de cada cena repousa unicamente no texto do canto, nos gestos e nos movimentos do ator. A combinação desses elementos obedece a regras corporais e musicais, a teorias sofisticadas, resultando numa estética extremamente refinada, o que gera dificuldade geral em compreendê-lo e apreciá-lo. Isto ocorre sobretudo no que se refere ao libreto, escrito em linguagem arcaica e complexa, na codificação de gestos e movimentos, e na linguagem musical característica, totalmente estranha aos ouvidos comuns.
Os movimentos sintéticos do ator, são quase imperceptíveis como, por exemplo, de uma maneira estilizada e sutil, levanta os olhos para a lua, ou num gesto com a mão retira a neve do kimono. Esses movimentos fazem surgir aos olhos e espírito do espectador, um universo todo poético, um mundo visto de diversos ângulos envolvendo fenômenos da natureza e da vida.
O Noh é caracterizado pelo seu estilo lento, de postura ereta, rígida, de movimentos sutis, bem como pelo uso de máscaras típicas. o codificador maior dessa arte. Com um repertório de aproximadamente 250 peças, o universo Noh é habitado por deuses, guerreiros e mulheres enlouquecidas, às voltas com os mistérios do espírito.
Por tradição os atores de Noh não ensaiam juntos, cada ator pratica seus movimentos, canções sozinho ou com a orientação de um membro mais antigo. Entretanto, o ritmo de cada apresentação é determinado pela interação de todos os atores, músicos e pelo coro. Desta forma o Noh exemplifica um dos princípios estéticos de tempo e duração, chamado por Sen no Rikyu "ichi-go ichi-e".
Uma das peças mais famosas do repertório nô, é "Hagoromo - O Manto de Plumas", que tem uma "transcriação" para o português, feita pelo escritor Haroldo de Campos.



Peças

As aproximadamente 250 peças do repertório de Noh podem ser classificadas de diferentes formas, pelo conteúdo, pelo clima, pelo estilo.
As peças Noh decorrem num palco bastante despojado, feito de hinoki liso (cipreste japonês). O cenário é, invariavelmente, constituído apenas pelo "kagami-ita," um pinheiro pintado, no fundo do palco, mesmo que a peça se desenrole noutros locais. Há várias explicações para o uso desta árvore, sendo muito comum a interpretação que se refere aos rituais xintoístas, pelos quais os deuses descem à Terra por este meio. Outro adereço inconfundível é a ponte estreita (a "Hashigakari"), situada à esquerda, que os principais actores utilizam para entrada e saída das personagens.



Clima

  • Mugen nō (夢幻能) apresenta espíritos, fantasmas e o mundo supernatural. O Tempo é frequentemente desenvolvido de forma não linear e a ação pode mudar entre dois ou mais cenários.
  • Genzai nō (現在能), eventos cotidianos.


Estilo
Geki nō - peças dramáticas desenvolvidas no avanço da narrativa e da ação.
Furyū nō - peças dançadas que focam na qualidade estética das danças e canções representadas.
Okina ou Kamiuta - é uma peça única que combina dança com o ritual xintoísta. É considerada a mais antiga peça e a mais representada, usualmente na abertura de qualquer programa ou festival


 
Teatro Noh no Brasil
Não se pode falar em Teatro Noh no Brasil sem mencionar o nome Hakuyokai (Haku=Brasil; Yo=canto de Noh; Kai=associação), o grupo pioneiro de praticantes de Noh, da cidade de São Paulo que tanto contribuiu para a divulgação desta arte no país.
Tudo começou quando Nobuyuki Suzuki, pesquisador e professor universitário, veio ao Brasil a serviço do Ministério da Educação e do Ministério das Relações Exteriores do Japão, em agosto de 1939. O objetivo da viagem era ministrar uma série de palestras em São Paulo e nas colônias japonesas, a respeito da cultura nipônica.
Durante sua estada, convocou, através da imprensa, todos que quisessem participar de um encontro de Noh. A partir de então, até o início da Segunda Guerra Mundial, houve algumas apresentações, sendo que, nesses encontros, participavam tanto a Escola Kanze quanto a Hosho.
Em seu retorno ao Japão, após o término da Guerra, alguns praticantes sucederam-no, inclusive seu filho Takeshi, na organização dos encontros. Takeshi Suzuki, da Escola Hosho, empenhou-se no estudo e na prática desta arte, fazendo apresentações regulares e, em 1984, comemorou a 100ª apresentação do grupo Hakuyokai.
Com a morte de Takeshi Suzuki e de Noboru Yoshida (Escola Kanze), os grupos se dispersaram e, as atividades da grande maioria deles ficaram restritas aos treinos de canto de Noh e, nos últimos anos, não se registram apresentações conjuntas.
Hoje, acredita-se que quatro grupos continuam cantando, bailando e tocando instrumentos na tentativa de preservar essa arte tradicional milenar no seio da comunidade nipo-brasileira.

http://sadame.wordpress.com/2008/07/01/teatro-no/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Noh